ENTRE EXTINÇÕES

ENTRE EXTINÇÕES

 

Já estive em cinco extinções,

E por isso eu comi trilobitas,

Mas o mundo só tem uns bilhões,

Para os anos de quem o habita.

 

Ser extinto não é nosso desejo,

Mas duvido que pensem no assunto,

Ou até queiram o mero e o badejo,

Pois na mesa só é pão e presunto.

 

Não queremos viver com os frutos,

Se não abrimos mão dos embutidos,

E assim nos tornamos mais brutos,

Em churrascos que deixam feridos.

 

É como nas festas e honras a Baco,

Onde todos morriam por algo demais,

E o vinho e carnes, além do tabaco,

Me fazem lembrar não sermos normais.

 

Hoje eu não gozo do que embriaga,

E vejo melhor onde devo me achar,

Mas estou feliz, seja com a gemada,

Que junto aos chás, para me curar.

 

Ninguém está saudável nesse mundo,

Em que somos demônios e incultos,

Vivendo na casa como sujismundos,

Ou sendo mortos por cada insulto.

 

Somos ignorantes com o planeta,

Que nos ignora, pois sabe do fim,

Porque nosso tempo é como cometas,

Que passam rápido e longe de mim.

 

Num dia nascemos e não acordamos,

Serei japonês tendo olhos fechando?

Mas talvez haja mais um final de ano,

Tendo, quem sabe, o adeus espartano.

 

Se o fim for em Termópilas,

Não quero ser mais um grego,

Vou ser candidato a drosófila,

Onde gozo no fruto que pego.