VAGA-LUMES
"Não tenho medo do escuro,
mas deixe as luzes acesas."
Fragmento de Tempo Perdido (1986), Renato Russo
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VAGA-LUMES
Aprendi
a não temer a morte,
à vida agarrei-me
como um náufrago.
Enterrei os fantasmas,
para assombrações
entoei cantigas de ninar.
Um medo de cada vez,
sempre depois
de alguma coisa
a me movimentar.
Vivendo vou colecionando
necessárias coragens,
há muito o que plantar
além das flores do túmulo.
Falta aquele sorriso,
a lágrima ainda não escoou,
abraços estão incompletos,
os beijos, esses vivem infinitamente famintos.
Não temo a escuridão,
mas a luz é o alimento da esperança.
No fim dos túneis ou
no começo dos tempos
somos todos mariposas
com ânsias de vaga-lumes.
Voando
para iluminar os que a vida
não lhes deu causas
nem asas, também.