NOITES QUENTES NA SERRA
NOITES QUENTES NA SERRA
Andar nas noites quentes,
Fervendo meus neurônios,
Serão ardores presentes,
Como num casco quelônico.
Mas é nesse modo catingueiro,
Que tenho o corpo ressequido,
Se nem há mais nem umbuzeiro,
pra sarar o meu corpo ferido.
Quando ando na areia ardente,
Já não sei se é noite ou dia,
Pois o pouco que vem à mente,
São delírios da minha agonia.
Mas um dia a agonia findará,
Nem que seja por novo destino,
Ou porque meu direito fará,
Meu bordado em um velocino.
Quem perscruta o mar estelar,
Sabe o tempo de velho e menino,
Mas também sabe quando parar,
Ao assistir meteoros caindo.
Foi assim quando estive tão só,
Numa serra que não viu dilúvio,
A olhar quem dançou o carimbó,
Bem aqui ou aos pés do Vesúvio.
Houve o tempo dos dinossauros,
Onde a seca se criou da floresta,
Sem os homens e os minotauros,
Seja aqui ou na ilha de Creta.
Hoje eu vejo além dos portais,
Como eu fosse vazar um quasar,
Pois são os meus sonhos a mais,
Tudo em busca de um bom lugar.