RASO DA CATARINA
Como são rasas
as Catarinas
de ossaturas vazias,
seu nome não escreve,
não são gráficas,
sem suas bacias,
Catarinas
são áridas,
nem um pouco
hidrográficas,
sem cataratas,
nem visões
cristalinas.
O tempo,
perverso,
levava,
mês a mês,
uma menina :
logo foi Inês,
tão franzina,
a soturna
setembrina,
a sortuda
era Sabrina,
foi pra
Santa Catarina.
Era santa, a Catarina!
Da novena, a
novenbrina,
Januária,
de tez de sol,
era severa,
a outra,
se fez tão só,
Severina.
A morte
não espera,
nada diz,
na mudez da vida,
se esmera
em não ser vento,
ou chuva caída,
um rasgo infinito
da seca
na cicatriz
da terra ferida.
Como as Catarinas
são rasas,
sem rosas,
sem águas,
apenas penitência
e o desalento.
No solo
sem provimento,
a sina da menina
é ser-tão só
o sofrimento
de uma existência
que nunca germina.
Como são rasas as Catarinas...