ICEBERG

Queria chegar a um lugar diferente,

Talvez um oásis de outros tempos

Queria aportar num abraço forte

E sentir o toque de um ombro

Queria me desvencilhar de toda essa carga

O peso é forte demais

Machuca a gente

Queria chorar, jogar para fora, extravasar

Nado, nado como quem se afoga.

Desesperado tentando alcançar as bordas.

Quem salva? Quem abraça? Quem acolhe?

Sou uma ponta de iceberg, engano bem

Submerso estão os terrores,

Escondidos os pavores

O frio, o ar fétido, a casa bagunçada

Equilibrando-me nos abismos do fim.

E as garras da opressão cravadas no pescoço