ESTILINGUE E A FENDA
ESTILINGUE E A FENDA
Volto sempre de estilingue,
Mas só chego como semente,
De uma árvore tão bilíngue,
Como são os frutos da mente.
Nesse ramo me jogo de estalo,
Como vagem de um pau-brasil,
Só não quero araras ou galos,
Pra dar tempo ver o céu anil.
Cada chão onde eu sou penetra,
Pode ser que não me dê perdão,
Pois não há verdade concreta,
Desde quando sou minha versão.
Mas no solo eu procuro a fenda,
Como um prego perfura a parede,
E, na manha, não quero contenda,
Pra não ser como peixe na rede.
Quero a vida em sua plenitude,
Onde a casa foi feita na pedra,
Pois não importa sua latitude,
Mas a virtude da lua em queda.
Vento e tempo me falam do jogo,
Mas o rumo de tudo me inquieta,
E se eu quero abrigo no arroio,
No meu choro prefiro um poeta.