MEU FARDO

MEU FARDO

 

Vivo um momento tão triste,

Que tira o viço do meu olhar,

Como contagia a quem assiste,

À morte senhora sem penhoar.

 

Vejo um istmo sob a procela,

Pintando imagens ao navegar,

Ou como príncipe sem estrêla,

Mas tendo a coragem de amar.

 

Toda barbárie é ignorância,

Como cada verdade é egoísmo,

E eu já não sei o que quero,

Na beira de mais um abismo.

 

Cada colheita sob aragem,

Gera somente odor e suor,

E não é só isso que quero,

Mas algo que seja melhor.

 

Eu fico na espreita e aguardo,

Notícias do 'front' de batalha,

Se a lei vai zerar o meu fardo,

Ante cada jangada que encalha.

 

Estranho é o mar se encher,

Sem os rios jogarem as águas,

E as geleiras a se derreter,

Reagindo às dores e mágoas.

 

A ganância não poupa ninguém,

Nem mesmo a própria criatura,

Porque ganham agora o vintém,

Para um dia pagar a fatura.

 

Não teremos mais casa ou lar,

Porque vão desossar o planeta,

Se o quasar vai a tudo jantar,

Desde estrelas até meu gameta.