O JARDINEIRO E O OBSTETRA

O sol mal havia

se espreguiçado,

ele já estava

com as flores

em desvelado ofício,

acariciando suas crias.

A atmosfera respirava

uma essência pueril,

fragrâncias se imiscuiam

entre pétalas recém-chegadas.

Logo vieram as abelhas

com suas sacras polinizações,

pássaros debulhavam cantos alvissareiros,

anelídeos se lambuzavam de adubo,

Joanas e joaninhas passeavam

despreocupadamente

na casa que era de todas as mães.

Um vivente apaixonado

aproximou-se,

pretensamente furtivo,

levou uma das rosas,

Ele o observou nos olhos finos,

calou-se nas vistas grossas,

não haveria

de desembainhar recusas

aos remetentes do amor.

Não tardou

um pintor

veio

com tintas e pincéis

perfumar suas telas.

Até o poeta

parecia cultivar verves

nas folhas verdes

das garridas margaridas.

Das flores e dos acordes

a estação, já desperta,

tocava uma música,

e a música, tão certa,

tocava naquela estação

primaveril

e naquele coração.

febril.

O dia começava a apresentar suas horas,

quando ele notou

a presença

de um homem

de jaleco

em caminhada

apressada para o nascedouro.

Houve tempo de trocarem soslaios,

entre a azáfama de um e a pachorra do outro.

Sorriram-se,

secretamente,

reconhecendo

suas missões

e seguiram os destinos,

em busca dos seus úteros.

É...

Nesta terra,

maternal,

havia muita vida,

presente e futura,

para se cuidar...

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 12/01/2023
Código do texto: T7693151
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