DOLOROSAS

No tempo da existência

eu nascia em seu beijo,

padecia nas partidas,

ressuscitava nos regressos.

Sua língua

me ensinou

a linguagem do amor,

e de tantas flexões

me fiz oralidade.

Teu corpo

apresentava-me

labirintos

onde

sempre me perdia

no desejo inconcluso,

sinuoso,

as curvas

tangenciavam

sua carne,

a sua cerne.

Era ateu e a toa;

sagrado e desgarrado

dos momentos

de comunhão,

a pele nua,

na lua

lhe via

de relance,

tez efêmera

da fêmea

de nuance.

Fiz-me conjugação

e tudo era infinito

no infinitivo

do amar.

No tempo da existência

ainda não

conhecia sua ausência.

Um dia

ela veio

fria, inerte,

definitiva ...

etérea

E passei a conhecer

as dolorosas presenças

da saudade e

do adeus

que não pude lhe dar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 12/01/2023
Código do texto: T7692708
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