LIBERDADE SUSPEITA

LIBERDADE SUSPEITA

 

A nossa liberdade é suspeita,

Quando é fruto só de emoções,

E é vaga quando lhes espreitam,

Cães fascistas sem corações.

 

Quem não cresceu sob chicote,

Não sabe a dor de uma tortura,

E acha que o luto é fricote,

De quem é contra a ditadura.

 

Quem nasceu antes de meia quatro,

E ainda defende seus algozes,

Talvez não tenha um senso lato,

Ou não entende o calar das vozes.

 

Tempos atrás só haviam as cartas,

Como o telefone era só para ricos,

Roubavam cofres sem deixar marcas,

Sem foto ou filme dos maçaricos.

 

Mas hoje o fácil tem rabo preso,

Pois nada fica sem que descubram,

Se em cada câmera há olho aceso,

E o seu preço não lhes desculpam.

 

Hoje, o homem eleito tem inimigos,

De quem só gozava das travessuras,

Montando em motos e sem os artigos,

Que se demonstram em novas viúvas.

 

E o ex-patrão de um só mandato,

Viveu capitão ou como Narciso,

E achou que seria eterno de fato,

E não cumpriu o correto artigo.

 

O vandalismo é irmão da barbárie,

E cada clã representa o contrário,

Como uma boca sadia é sem cárie,

E não blasfema de dentro do armário.

 

A paz só chega com estabilidade,

Sem ter ganância ou prepotência,

Com retidão ao viver nas cidades,

E não depõe contra Deus e ciência.