EU FUI E VI, MAS VIVI

EU FUI E VI, MAS VIVI

 

Não há uma eterna mocidade,

A não ser antecipando a morte,

Mas se queres viver de verdade,

Deixe o tempo ditar sua sorte.

 

Plante sempre e em todos os dias,

Desde quando há terreno fértil,

Mas adube com boas energias,

Os caminhos e atalhos com 'ethus' .

 

Se nascemos, já temos uma certeza,

Pois ninguém vai fugir de morrer,

Até quando se apega à natureza,

Mas ela também muta para viver.

 

Vai ter tempo para uma floresta,

Que depois pode vir ser deserto,

Como a vida que às vezes é festa,

Mas a extinção agirá, por certo.

 

Se eu fui um feroz dinossauro,

Ou também já voei sem ter penas,

Lá se foram os dias mais áureos,

E do passado sobrou só o cinema.

 

Nossa espécie tá mais pra ser vírus,

Por nem respeitar a própria história,

Se destrói os seus totens e livros,

Tudo em nome de deus ou vitória.

 

Vivo um tempo que lembra elástico,

Vai e vem no que seja o progresso,

Quando são masoquistas ou sádicos,

Quem nada faz do que eu peço.

 

Eu vi pessoas e livros queimando,

Vi bárbaros edificando castros,

Vi o medo em um barco remando,

Na tormenta diante dos astros.

 

Fui o âmago de toda a pangéia,

Mas também fui um raio de luz,

Como surpresa da casa de Réia,

Ou montando um cavalo andaluz.

 

Mas vivi para ver que o sonho,

Certo dia pode ser um pesadelo,

Quando o homem se torna tacanho,

Ou se mostra um fóssil no gelo.