Interrogações
Interrogações
Foi assim, de mansinho,
Um sorriso imaginado, nunca visto.
Talvez escondido, nunca visado.
Um riso abafado, baixinho.
Uma timidez inventada, uma curiosidade imensa,
Uma vergonha tremenda, e uma coragem gigantesca.
Foi assim nascendo, nutrindo, criando um conhecimento,
Foi assim, chegando, quase tremendo,
Em linhas tortas com interrogações impostas.
Num sutil olhar carregado de deleite com cada resposta.
Uma inocência nem tão inocente, carregada de sonhos e dizeres,
Foi-se aconchegando, transformando-se num canto,
Criando e inventando modas e risinhos,
Transformando em cômodo aquele que começou como pequeno cantinho,
Foi levantando paredes,
Que entre sonhos foi separando, cada sentimento em pergunta,
Colocando cada um em seu quarto, desempenhando quase um pequeno desabafo.
Em passos lentos foi andando, crescendo, aumentando,
Foi desenhando uma janela, um telhado, rabiscando um sorriso bobo,
Será que seria aquilo, de alguma forma destinado?
Foi plantando um jardim, imaginando uma seda de cortina carmesim.
Veio caminhando, imaginando um mundo quase descarado.
Foi enfrentando,
Chuva, sol, vento, frio, calor,
Desenhando um mundo que tenta entender sem rancor,
Carregando questionamentos sem pudor.
Foi se dilatando, criando um quintal, desejando amor,
Vem criando portas para deixar entrar aquilo que quer deixar de temer.
Sai desenhando o dia e a noite, esperando escurecer,
Se perguntando - Quando tudo que eu quero vai acontecer?
Voltando para casa, feito gata arisca, fugindo do mundo para se proteger.
Levanta uma fortaleza, nem tão pouco imaginada,
Vai se cuidando feito flor amada.
Vai seguindo assim dentro da madrugada.