HOMEOPATIA

Naquela localidade,

onde as horas

se converteram em invisibilidades,

não havia relógios,

nem conceito existia sobre eles.

O tempo era contado

pela quantidade de aguardos.

A moeda de troca

era o esperar :

o pôr do sol,

o ciclo das marés,

a visita da amada

o primeiro beijo...

tudo meticulosamente

calculado

pela sonolência

dos acontecimentos.

Sonhos e realidades

foram gestados no mesmo útero

e caminhavam lado a lado

sem pressa de chegar.

Para que lhes serviam

o tal de açodamento ?

Apenas o adoçamento

lhes tinham serventia.

A vida vivia em constante

engarrafamento

em goles e doses da eternidade de um bom vinho.

A carraspana durava

o tempo dos próprios

desatinos,

a ressaca,

resignada,

se ressecara

por alí.

O existir

parou e ficou por lá,

a morte

parece

que firmou contratos

de paciência

com a longevidade.

E sendo assim,

tudo estava na mesma perfeita

ordem cósmica.

Esquecendo-se

de morrer,

viviam apenas no esquecimento

da temporalidade

das suas homeopáticas existências.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 29/12/2022
Código do texto: T7682262
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