CATARSES ( O Réu e o Rei)
Na fila do confessionário,
o tirano monarca e o
apostador, compulsivo,
fracassado,
"auto-condenado", ...
arrependido.
O primeiro, o padre ouvia
com secreta recriminação :
eram os
jugos
que pairavam
sobre sua cabeça
coroada.
O marido da rainha,
não assentara no trono
as clemências,
outras benevolências.
O segundo, no fundo,
nem precisava
dedicar-lhe audição:
réu confesso,
eram
os jogos
que paravam
sob suas mãos
corroídas.
O espólio moral e material
do azarado,
amante dos dados,
por ele foi
dado com amor
aos órfãos de outras sortes.
O sacerdote, então,
rendeu-lhe notória admiração.
Ambos tinham as culpas,
nem todos as redenções...
Ao final das catarses,
o rei saiu com
o peso da coroa
e o
vazio da realeza.
Ao "réu" coube,
o vazio de suas coroas,
e o
peso da nobreza.