FURACÃO
Quero respirar-te
nas atmosferas,
sentir a brisa pura
das paixões vespertinas.
Meus pulmões
se cansaram
dos ares rarefeitos,
e de outros malfeitos.
Dissecar cada gota
de oxigênio
que habita
os alvéolos da tua boca,
torná-la molhada
na comunhão
de nossas salivas,
de seca, ou de secar,
já me basta
a aridez da solidão.
Rechaço
esta vida
anaeróbica,
as apneias
dos sonos vazios,
asma sombria,
a alma sóbria,
desembriagada de ti.
O que me sobra?
A rebeldia dos ventos,
o eterno desejo
de um dia ser teu furacão.