FURACÃO

Quero respirar-te

nas atmosferas,

sentir a brisa pura

das paixões vespertinas.

Meus pulmões

se cansaram

dos ares rarefeitos,

e de outros malfeitos.

Dissecar cada gota

de oxigênio

que habita

os alvéolos da tua boca,

torná-la molhada

na comunhão

de nossas salivas,

de seca, ou de secar,

já me basta

a aridez da solidão.

Rechaço

esta vida

anaeróbica,

as apneias

dos sonos vazios,

asma sombria,

a alma sóbria,

desembriagada de ti.

O que me sobra?

A rebeldia dos ventos,

o eterno desejo

de um dia ser teu furacão.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 27/12/2022
Código do texto: T7680650
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