DESSALINIZAÇÃO
Aquela mulher,
era isso a fazer,
velar as dores,
maternos desígnios,
eram tantas
com teu zelo,
salgava-se,
sequestrava
o desalento
para devolvê-lo em
luz.
Não havia um só
rosto desprovido
da candura das tuas mãos.
Teu sorriso chegava primeiro
com ânsias de apropriação,
era isso a fazer,
remover espinhos,
restaurar perfumes ...
Ela não se furtava
apenas o furtava,
e ia, cada
vez mais,
salgada,
deixando-nos
com a lágrima leve,
de uma
esperança lívida ...
Depois voava,
com suas asas
de anjo,
ávida,
a retirar
o sal do mundo,
e a salinidade das faces
dos seus meninos.