PELAS MÃOS DA MALÍCIA

PELAS MÃOS DA MALÍCIA

 

Heverá mais alguma semana,

Ou será só apenas a última,

Antes do fogo ver a cabana,

E dizer que é fim de luta.

 

A floresta arde e sucumbe,

Cada bicho agoniza no chão,

E aparecem até os vagalumes,

Em um só fogaréu de ilusão.

 

Ter a noite como um dia,

Só porque tudo é destruído,

Não traz nenhuma alegria,

E a tristeza é seu ruído.

 

Será está a funesta verdade,

Que o tempo moderno me traz,

Onde tudo é dor e falsidade,

Na tragédia que não volta atrás?

 

Eu também sofro já moribundo,

Como alguém que ainda agoniza,

Vendo tudo que fiz pelo mundo,

Sucumbir pelas mãos da malícia.

 

Pensei ter tão somente amigos,

Que entendessem o que sempre fiz,

Mas findei destroçado e ferido,

Vendo a morte sem um chafariz.

 

E no fim, ardo até sem o fogo,

Pois até meu carvão já não há,

Como chamas em almas de lobos,

Tendo as gárgulas a dilacerar.