NAVEGANTE
Penso às vezes que uma palavra basta,
noutras nem um oceano de silêncios ...
A suficiência nunca me
permitiu ter essa certeza,
o vazio sequer
se apresentou por inteiro.
Apenas névoa,
e a pachorra da dissipação.
Nos intervalos das dúvidas,
coloco-me a par das interrogações.
Um verso ?
Uma prosa daquelas bem falantes?
Uma reflexão qualquer?
Talvez todas se equivalham
em seus propósitos.
Enquanto
não tenho a resposta
— quem a terá!? —,
vou ao atracadouro
mais próximo,
abuso-me
nas contemplações náuticas.
Desejo secreto
de ser um desses
veleiros,
ou quem sabe
apenas das
veleidades,
seguir com eles
a algum lugar,
escapulir de mim,
pelo simples
exercício de
navegar,
em ventos,
momentos,
vendo a vida
que
se faz
ou se desfaz
nos movimentos
do mar ...
nos envolvimentos
do amar.