FALANDO DE ÍNDIO

FALANDO DE ÍNDIO

 

Foi na estrada para Bucareste,

Que me achei num fundo de mar,

Mas antes passei no nordeste,

Onde o índio era um tupinambá.

 

Eram tempos de canibalismo,

Quando hoje são de louva-deus,

Mas o mundo era um só comunismo,

Diferente de um banco judeu.

 

No passado a base era escambo,

Pois a sobra editava a razão,

Onde a tribo seguia um comando,

Respeitando o mais velho ancião.

 

Foi pescando na loca da pedra,

Ou caçando furtivo nos campos,

Que o índio às vezes sossega,

Ao plantar sua erva pro santo.

 

Na noite fria pitavam cachimbo,

Ou até mesmo fumavam charutos,

Mas toda erva deixava sorrindo,

E intuindo a conversa de adulto.

 

Quando as roças não produziam,

O índio migrava pra sobreviver,

Senão as luas lhes seduziriam,

Como as onças ao anoitecer.

 

É por isso que existe o gato,

Mas o rato prefere a coruja,

Pois de dia a taba é o ornato,

Quando a noite pede que fuja.

 

Então, vejam que nada separa,

Desde quando o mundo nos leva,

É assim que a viagem se ampara,

Nos caminhos do Sol ou de Vega.