UMA DATA PARA LIBERDADE

UMA DATA PARA LIBERDADE

 

Se uma data é um emblema,

Eu quero a de trinta e três,

Desde eu casando em Ipanema,

Quando não falo em francês.

 

Depois da Conceição da Praia,

Me chega o nove de dezembro,

Pois oito foram as arraias,

Empinadas enquanto me lembro.

 

Mas hoje tudo é engraçado,

Ou quando eu viver de alemão,

Ao esquecer de todo passado,

E até o sabor de um feijão.

 

E o que me deixa avexado,

É quando estou longe dela,

Que é a dona do meu estado,

E o quadro de uma aquarela.

 

Eu logo sento no alpendre,

Da casa antiga e amarela,

Do tempo que não se rende,

Mas tinha as sete janelas.

 

Aguardo meu amor chegar,

De sua viagem à Bahia,

Se a nossa filha deixar,

Mas tudo é minha alegria.

 

Eu fui flechado para morrer,

E tudo veio de fogo inimigo,

Mas quem tem fé vai renascer,

Para provar na lei o que digo.

 

E o futuro irá lhes mostrar,

Quem presta e quem é do lixo,

Quando a máscara não aceitar,

Culpar as garras de um grifo.

 

Rasgadas as toscas mentiras,

Sobra apenas se ter liberdade,

Pois o lençol feito de tiras,

Louva quem não tem vaidade.

 

Feitas as pazes com a verdade,

Voltam o direito e o respeito,

Deixam de lado toda falsidade,

Como acordo de leite e peito.