REENCONTROS HUMANOS

REENCONTROS HUMANOS

 

Eu não sei de quem é a pestana,

E se herdei de qual veia étnica,

Mas eu tenho por certo a fama,

Do índio que não é de Trecchina.

 

Aqui, onde evoco Jequié como lar,

Sobra índio, europeu e africano,

Mas o oriente veio aqui habitar,

Pra dar seu jeitinho baiano.

 

Minha estatura e curva no lombo,

São as marcas advindas de avós,

Mesmo tendo chegado de um tombo,

E o meu relógio girando veloz.

 

Mas ainda quero ser estrela,

E poder te guiar na escuridão,

Se agora lhe aflige a vereda,

Que se abre vazia na imensidão.

 

Tão somente ainda gozo valorar,

Todos meus encontros fortuitos,

Que sejam frutos de um bom pomar,

E me lembrem de fatos ou sustos.

 

Só que o susto será de alegria,

Se a trilha eu varrer e cuidar,

Enquanto houver coração sem azia,

Por onde o pretexto for só amar.

 

Nessa toada são meus reencontros,

Quando o poeta encara seu mestre,

E a saudade tem força de monstros,

Como sombras de copas silvestres.

 

Sombras estas que sempre abraçam,

E nos faz sentar sobre as raízes,

Para lembrar dos idos que passam,

Quando todos somos aprendizes.

 

E assim, entre prosas e causos,

Entre fatos e todos os sonhos,

Eu partilho os mútuos aplausos,

Pelo deleite de sermos humanos.