A MADURA IMATURA IDADE
Que saudade
tenho dos tempos
da doce ignorância,
quando descobria
mistérios banais
na mera circunferência
dos ponteiros.
Assomava-me
a dúvida,
fiel companheira
das divertidas
descobertas do porvir.
Cultivava-me com adubos
de ingenuidades,
no solo fértil
de um aprendizado qualquer.
A vida era palco,
descortinando-se
em mil e uma novidades
e a plateia aplaudia,
extasiada,
o espetáculo
que nunca
havia assistido.
No mais,
era a percepção
de que tudo
era uma agradável
incompreensão
e não valia
a pena tirar o uniforme escolar.
Mas aí,
o tempo
emprestou-me
barbas e cãs,
aportaram as desagradáveis
convicções
e a soberba
veio aboletar-se,
roubar meus sorrisos
mais inocentes,
guardados para
quando conquistasse
o mundo.
Tudo se fez
tedioso,
e comecei a chorar,
pois não havia
mais espaço
para me iludir.