JÓIA NÃO SALVA

JÓIA NÃO SALVA

 

Eu peço desculpas se choro,

Mas estou aflito com a fome,

Será só assim que eu imploro,

Em frente a um quartel infame.

 

Meu temor é não ser mais capaz,

Se o corpo já murcha tão triste,

Quando vejo não ser mais o rapaz,

Que um dia sonhou ser Maciste.

 

Quando era jovem e fui assistir,

Os filmes nas matinês de domingo,

Aquilo me dizia do que nunca vi,

E eu me achava o cara mais lindo.

 

Naquele tempo eu achava possível,

E sempre rezava e pedia a Noel,

Para ter gude ou algo incrível,

E poder voar e montar um corcel.

 

Assistia com medo filmes de terror,

E fui curioso ao ficar sob o vento,

Olhava a abelha ao estar numa flor,

Mas queria viajar nas asas do tempo.

 

Achava legal as batalhas no mar,

Pois queria ser rico e ter ouro,

Mas agora entendo que devo amar,

Ao invés de matar por um tesouro.

 

Hoje eu percebo que jóia não salva,

E que só em paz eu posso congregar,

E vejo os erros que trago na alma,

Se meu ancestral viveu de guerrear.

 

Ao querer um futuro como fruto doce,

Falando de amor, de carinho e sabor,

Eu sonhei adubar a terra que fosse,

Cuidando da casa e vencendo a dor.

 

Para enfim mergulhar no infinito,

Na nave asteróide que gira no ar,

Sem voz e platéia, de tanto que grito,

Mas não tem atrito no vento solar.