DRAGÃO COMO ESTRELA
DRAGÃO COMO ESTRELA
Olhando para a noite ardente,
Mas no lado contrário do sol,
Eu pensei ter visto o oriente,
Tão sincero que me achei só.
Sei não poder ouvir meu passado,
Como ainda um futuro não crível,
Mas o direito ao sono encantado,
Cinderela me diz que é possível.
Só assim viverei algo eterno,
Porque vai além dos meus dias,
Congelando a voz e o caderno,
Onde reclamo olvidar poesias.
Quero o gosto de letras riscadas,
Quero ser o ardor das pimentas,
E como será a minha dor anotada,
Por sofrer bem além das tormentas?
Visto assim, adentrei pela sala,
Com a mesma calça feita de brim,
Lendo poemas com a boca fechada,
Enquanto a alma vagueia o jardim.
Nessa hora eu sinto meu cheiro,
Que queima de dor na tristeza,
E escarro meu vão destempero,
Pra a luz do dragão ser acesa.
E depois de dragão me tornar,
E buscar ser luz ante a treva,
Vou à casa do Pai sobre o mar,
Como estrela brilhando sem trégua.