EU E O TEMPO DE DEUSES
EU E O TEMPO DE DEUSES
Os deuses de cada tempo humano,
Representam como posso me ver,
São coriscos que chegam ciscando,
Como a chuva que faz florescer.
Todos são símbolos e arquétipos,
Quando não, são nossas vaidades,
E também podem ser tão céticos,
Que reflitam as nossas verdades.
Vou montar o meu totem no alto,
Pois nasci num cercado de morros,
E assim, verei casas e asfalto,
Ao lembrar dos gnomos de gorros.
Sou herdeiro de cada floresta,
Mesmo quando nasci no deserto,
Quando a lua me disse sem pressa,
Que os dias iguais são incertos.
Mesmo quando não dou atenção,
Cada rio me espreita à margem,
Mas a água que vem num tesão,
Vai levar toda minha coragem.
Só por isso, tem guardas na água,
Nos caminhos de terra e ao vento,
Pra dizer qual destino me aguarda,
Mesmo quando bifurca o meu tempo.
Tempo diz o que fica ou me leva,
Tempo pode esconder-me da cobra,
Mas o tempo é a pressão que neva,
A quem teima em ser o que sobra.
E o tempo esquenta minha forja,
Onde o fogo chegou a bom tempo,
Porque o vento lá me acorda,
Se não cala a voz e o acento.