NUMA ILUSÃO QUALQUER
Por que derramas em mim
tua alucinante ausência ?
Transbordante é a inquietante espera.
Sorve em mim
a angústia das horas vazias,
baldias, como as flores
no túmulo do abandono.
Meu olhar se perde em desamparo,
cais onde atracam minhas solidões.
Quisera navegar por
todas os sonhos
no refrigério de
te encontrar à deriva
em algum leito de lágrimas.
Eu as enxugaria,
com meus lenços
embebidos de promessas.
Iria ao encontro
dos teus naufrágios,
mergulharia
em águas revoltas,
sem volta ...
para, de mim, perder-se
e encontrar-te
numa ilusão qualquer.