POR CAUSA DA INVEJA
POR CAUSA DA INVEJA
Alguns querem ser o fruto,
Quando os outros se escondem,
Mas um é semente do luto,
No que escolheu ser desordem.
Sempre haverão folhas secas,
Ao vento que gira no mundo,
E eu vou de volta às negras,
Que deram meu leite fecundo.
Ser de novo só bebê de colo,
Ter de volta o calor que imploro,
Deve ser só loucura e muzenza,
Como eu tive a senzala por prenda.
Tudo eu vi quando estive preso,
Sob chicotes sem marca e apenso,
Tendo somente os recados acesos,
Na lenha que queima o que penso.
Fui a dor de um couro no toque,
E o alguidar com mais uma oferenda,
Fui desespero do quadro em retoque,
Como um fruto que não se merenda.
Tudo isso é por causa da inveja,
Quando vamos fazer o que é certo,
Porque a água que rega a cereja,
Também pode ser mar ou deserto.