A VIDA NAS ASAS DO TEMPO

A VIDA NAS ASAS DO TEMPO

 

Todo peixe sempre quer água,

Como o rio também quer o mar,

Mas o leite eu quero da cabra,

Nas encostas lá de Gibraltar.

 

Eu queria voar como Hermes,

Ou nadar rio e mar com Netuno,

Ser lagosta e não paquiderme,

Nas fornalhas e locas do mundo.

 

Certo dia fui à beira do mar,

Respirar sob o sal e o vento,

Ao olhar o que me faz lembrar,

Que dali tiro paz e alimento.

 

Toda vida que surgiu desse mar,

Ganhou pernas nas asas do tempo,

Quando o homem aprendeu a andar,

E o mar já não é seu convento.

 

Hoje estamos com a vida irreal,

Sendo como um cupim na floresta,

Pois vivemos para ter o capital,

Ao pensar que é algo que presta.

 

E o glutão que serviu vinho a Baco,

Já morreu desde os tempos romanos,

Pois na farra afundaram seu barco,

Quando as lobas estavam uivando.

 

Lobos vivem tão perto dos ursos,

Mas esses gostam de mel e salmão,

Só que o lobo tem outros recursos,

E se é guará tem a lua e o sertão.