Espera
Brindaremos com a espuma do mar,
Com a espuma da cerveja, com o líquido frio
Dos nossos corpos quentes, o reencontro.
Os desejos antigos, marcantes ressurgirão.
Sementes vívas em dias preto e branco,
Coloridos em outros tantos virão.
A esperança e a desesperança certamente
Cruzaram linhas, arrebentaram pontos.
Mas chegamos juntos em tantos e quantos.
Por isso, brindaremos os sonhos refeitos.
Na cadeira da sala repousas, aguardas ansioso.
As minhas mãos trêmulas aproximaram.
Suavemente brindaremos o reencontro.
Teu rosto parado na sombria sala reviverá
Com certeza recordações de tudo que foi nosso.
Lábios fechados, confuso diante do outro laço.
Nada importa. Aqui estou, todos esses anos
Amando-te num desejo ávido dos gestos.
Onde achar a ponta do novelo?
Quero tocar a tua pele marcada pelo tempo.
Somos anjos com os destinos desencontrados.
Quantos anos dançando nas asas desse tempo?
Quero o dobrar dos anos,
Quero a névoa que possou em teus cabelos,
O entrelaçar das mãos sem sentir falta dos olhos.
Sei que estais sentado vestido em teu pijama
A olhar as horas, a ver os braços alçarem voo.
Sonhas os nossos sonhos? Quem sabe.
Eu sempre estive aí, sempre estive aqui.
Por ti espero com flores no cabelo,
Com perfume de jasmim.
O que será novo em nós?
O que não mudou e o que mudará?
São nossos olhos que se olharão profundamente,
Como no primeiro dia: cúmplice, inteiro, eterno.