VÍRUS NAS COSTAS

VÍRUS NAS COSTAS

 

Ser vírus nas costas tem preço,

Mas pode ser um troco de balcão,

Ou até pode nem ter o endereço,

Que nos diga se é vale ou não.

 

Tomamos empréstimo para viagem,

Como remora de um otário tubarão,

Nos atemos aos cascos e garagem,

Dos navios ou no carrinho de mão.

 

Somos vírus qual pequeno nobre,

No engano de uma cruel solidão,

Somos rosa sem jardim ou cobre,

Se o valor é sem moeda ou chão.

 

Somos a árvore no chão sem capim,

Que viceja sobre o único rochedo,

Que era o crânio de um só cupim,

Num cometa que não é aconchego.

 

Temos todas bombas penduradas,

Nos quartéis dos nossos aviões,

Que agora são naus assustadas,

Pelo vento que traz furacões.

 

Vemos drones dizendo o que fazem,

Temos vestes para cada halloween,

Mas ninguém vê o que não trazem,

Pois a noite no cosmo é sem fim.

 

Mas sabemos que tenho nas costas,

Todo vírus que ainda é segredo,

Pois nós leva daqui sem respostas,

E nos deixa tremendo é de medo.

 

Muita gente nem sabe conviver,

Pois o vírus se muta e não fala,

Mas o ogro insiste em viver,

E nos pisa enquanto se cala.

 

Vírus é toda droga nefasta,

Ou a revolução que faz moda,

Vírus quer a atenção da casta,

Mas sou quem ainda discorda.

 

Por isso sou o limo na porta,

E me transmito só nas estações,

Com todo respeito que exorta,

Colhendo amor e não delações.