Eterna madrugada
E de repente tudo mudou
A alegria se transformou
O sorriso se apagou
Era madrugada
O silêncio ardia
Aguardando pelo dia
E minha mão te buscou
Mas não o encontrou
Em resposta
Veio a rocha
Que contra mim lançou
Tudo que eu sentia
Tudo que eu entendia
Se desfazia
Nas palavras ditas
Nas palavras gritados
Que minha alma sangrava
E eu me perdia
Já não mais sabia
A madrugada se fez dia
E o silêncio agora ardia
Mas enfim, eu o conhecia
Quanto a mim?
No silêncio, em silêncio
Sofria
Pensava e desenhava
O que te ofereceria
Em alívio ao que você sentia
Mesmo sendo pra mim veneno
Mas era o que a mim cabia
E enquanto você dormia
Eu apenas sentia
E precentia
O que seria cada dia
Foi assim que de você ocultei
Cada lágrima
Cada dor
Que naquele instante passei
Fiz-me silêncio
Vingi não haver lamento
E te libertei
Vi tuas asas se abrirem
Vi a revoada
Vi cair uma pena
Que está aqui
Guardada em minha alma
Pra assim ficar marcada
Como meu encontro com o fim
Em minha eterna madrugada
No vazio que ficou em mim