NO PORTÃO DE ORION

NO PORTÃO DE ORION

 

O dia raiava na distante Orion,

Quando decidi bater no portão,

Porque a casa da minha memória,

Era um projeto e não solidão.

 

Estive andando no interespaço,

Em passos fiéis de veloz emoção,

E por toda noite eu sou cansaço,

Se uso estratégias de um furão.

 

Enquanto as galáxias me aguardam,

Eu prefiro estar no sol amarelo,

Pois dizem que elas não tardam,

No vento dimensional que espero.

 

A esquina de Andromeda já foi perto,

Mas são tantos semáforos no caminho,

Que hoje tudo é longe ou deserto,

E o nosso sarcófago não é ninho.

 

Eu poderia aguardar pelo destino,

Mas fico a pular no ontem ou depois,

Como se eu fosse um eixo sem pino,

E num desatino eu me visse em dois.

 

Diante do espelho ou sendo Narciso,

Eu posso dizer o que acho sem ser,

E deve ser óbvio que a pedra de liso,

Escorre em rios pra o mar conhecer.

 

Terá mais alguém e bem mais no passado,

E não tão somente um casal que procria,

Enquanto a vida é um dom conversado,

Somente entre Deus e seu ego do dia.

 

Por isso não fico tristonho agora,

Pois não adiante essa antecipação,

Que mede inclusive se algo melhora,

Ou é só o fim do mister na missão.

 

Um pouco feliz, vou dizer a Homero,

Que a Grécia não será o que desejou,

E o mundo perdura, mas não como quero,

Ou quis meu algoz, mas ele infartou.