DIAMANTE, LABAREDA E TEMPO

DIAMANTE, LABAREDA E TEMPO

 

Sou labareda, mas hoje lembrei,

Que fui forjado de uma madeira,

Enquanto me esvaio de tudo que sei,

Como a ciência descendo ladeira.

 

Hoje percebo o jeito da lei,

Mas eu só respeito se é de Deus,

Enquanto ao homem eu declarei:

Tu és presunção ante os teus!

 

Agora é hora de se explicitar,

De desnudar pesadelos e sonhos,

Até que alguém acorde sem ar,

Ou seja fogo em olhos castanhos.

 

Quem pensa que nobre é olho azul,

Ou que há um olho de cabo verde,

Não sabe que o sol é norte e sul,

Mas que ao lado da noite se perde.

 

Vai sempre haver algo hipócrita,

Como ainda existe o fiel pecador,

E fácil é furar a bolha que poca,

Que clama de pus perante o calor.

 

Mas eu insisto ser luz no escuro,

Se ebule em mim a fornalha de Deus,

Pois, o que seria do carvão impuro,

Se meu diamante só fosse do ateu!

 

Por isso, digo, sou o lado fraco,

De quem vai sucumbir ante o tempo,

Em uma viagem da luz no espaço,

Sob o segredo de portais e vento.

 

Assim, eu aguardo em poesia,

Se já não sou um raro minério,

Pois minha ilusão viu a azia,

De quem sorriu do que é sério.