SOMOS TODOS IGUAIS, MAS SOMOS CARTAS

SOMOS TODOS IGUAIS, MAS SOMOS CARTAS

 

O encontro me diz que estou vivo,

Como um raio de luz diz que vejo,

Ou a sede é sinal que eu preciso,

Seja de água, descanso ou bocejo.

 

O ser humano não vive sozinho,

Nem progride sem ter parceria,

Mas hoje não se lê pergaminho,

E nem percebem a estrela-guia.

 

Cada tempo tem suas histórias,

Mas também tem as suas manias,

Por isso nem sempre há glórias,

E as memórias são só fantasias.

 

Em um país que não tem memória,

E os ancestrais ninguém conhece,

Noção de Pátria é luta inglória,

Se uma nação é crânio sem messe.

 

Somos todos iguais nesse mundo,

Mas somos cartas de vário pensar,

Tomando banho e até sendo imundos,

Vestimos peles de clima e lugar.

 

Todos provemos de vários minérios,

Mas nós vagamos para sobreviver,

E nessa estrada de tanto mistério,

Sou impropério a lhes escarnecer.

 

E o motivo de tanto entrevero,

É não saber que somos só animais,

Mesmo em cor diferente de um pêlo,

Ou em crendices, loucuras e tais.