IMPRESCRITÍVEL
Se eu pudesse
voltar no tempo,
talvez o tempo
não se voltasse contra mim.
Iria seduzir
seus meninos,
cada minuto,
segundo eu sei.
Teria de mim
a eternidade
de um beijo,
o infinito
de um abraço,
o imprescritível
orgasmo.
Conversaria
com seus ponteiros,
conheceria suas carências,
revolveria arrependimentos
das areias envidraçadas.
Contar-lhe-ia segredos
que nem mesmo
o seu curso
poderia desvendar.
Pintaria suas
barbas brancas,
tão envelhecidas
pelos abandonos.
Segurar-lhe-ia
pelas mãos
para que não
se perdesse
das minhas memórias,
e eu não
o perdesse
nas minhas
procrastinações.
Ora que se dane
essa tal de maturidade
e outras "grisalhices" capilares!
Eu quero o elixir
de seus dias mais tenros,
para ser imortal
naquilo que nele nunca
tivesse morrido,
e com ele viver
intensamente,
de um jeito
que nunca antes
tivesse existido.