MOMENTOS DE AGORA
MOMENTOS DE AGORA
Enquanto o silêncio for casa,
A minha viola eu não dedilho,
Mas quando a fogueira estala,
Entoo meu canto e estribilho.
Pelas rimas eu tenho os tons,
Que dão asas aos meus sonhos,
E a platéia me cobra os dons,
Mesmo em dias tão tristonhos.
Esses são os momentos de agora,
Enfrentando até os demônios,
Ou seriam os erros de outrora,
Mesmo eu crendo nos antônimos.
Nessa história há antepassados,
E não há tempo para os sermões,
E requer não sermos tão fracos,
Se nossos erros pedem perdões.
Eu não serei um leso e omisso,
Em aceitar louvor ao fascismo,
Pois Jesus quer um compromisso,
Com o amor pelo meu catecismo.
Quero o valor de ser criatura,
Ao agir com todo respeito a Deus,
Sendo livre de uma ditadura,
Dada aos que não se sabem ateus.
Por isso eu preciso ser grito,
Buscando a atenção dos aflitos,
Se é o direito do livre arbítrio,
Donde somos os frutos benditos.
Serei ao menos como o vagalume,
Sem o brilho da luz de um sol,
Mas com o necessário volume,
Sendo o guia em noites tão só.
Só assim acharei uma clareira,
Muito além da floresta escura,
Onde eu coe um café na chaleira,
Ou um chá de uma folha que cura.