VIGÍLIA
Em que fictício cais
ancoras-te teu coração ?
Nas águas plácidas
mergulhas
teu corpo febril
à procura
dos teus naufrágios
— invisíveis —
dos afogamentos
impossíveis,
passíveis
de esquecimentos
improváveis.
Quedas‐te
nas calmarias
aparentes
ou cultivastes
sementes
inundadas
de procelas ?
Apressa-te!
O furacão
está a revolver
os ventos
mal resolvidos,
emergindo
as ventanias
que ainda sopram
na memória
inquieta.
Do horizonte
contemplo tuas
dúvidas,
teus pretéritos
desavisos.
O porto
ainda
não é seguro,
recusa-te
as amarras.
Prossegue
tua líquida jornada,
o oceano
carece
de tua
navegação
E o mar,
o amar
ainda
não
reconhece
em ti,
um marinheiro
de atracadouro final.