Num Canto Qualquer sem Arte

 

Fui tomada por uma estagnação, um corte

Que transpassou o ser a me deixar sem norte.

Nesse ínterim entre o colo, o deserto e a sorte

Ficou seco, incerto no qual me cerquei de tédio.

Dois eus um ousado e outro timido me presto. 

 

A vidraça fez-me ver que alguém passava

Bem veloz levado pelo o futuro que trava.

O passado agora ficou no porão da mágoa,

Foi abandonado, apagado, ficou a parte.

Nele estou num canto qualquer sem arte.

 

Passou, passou mas as palavras ficaram

Nos olhos rasos, nos ouvidos surdos, achados 

Nos lábios a razão de silenciar e deixar passar,

Permitindo que o relógio adiantar-se o tempo.