NEM TUDO PROVÉM DAS ESTRELAS
NEM TUDO PROVÉM DAS ESTRELAS
Peguei em mais um caldeirão,
Dos que usei há milênios atrás,
Coloquei nele as ervas do chão,
Donde estavam meus ancestrais.
E cada intenção que eu coloco,
Tem sempre a ver com as buscas,
Respostas que espero no colo,
Mas tenho herdado só rusgas.
Me lembro das mães feiticeiras,
Como sei do bem que me querem,
E nem tudo provém das estrelas,
Mas pode ter quem lhes venere.
Somos grãos da poeira cósmica,
Mas isso foi no início de tudo,
Pois sempre há um tempo e lógica,
Enquanto eu sou seixo, mas luto.
E nesses prováveis portais,
Que toda noz nos demonstram,
Não somos só meros mortais,
Mas os animais que apostam.
Tudo é demais e ainda não cabe,
E só por isso é que esquecemos,
Protegendo-nos antes, quem sabe,
Das visões e delírios que temos.
Somente depois que avançarmos,
E pudermos andar sobre as águas,
Ou após o ir e vir por espasmos,
Nós teremos os dias sem mágoas.
Mas somente haverá um possível,
Se nosso pecado não for capital,
Como a erva que teima, irascível,
A nascer em seu jeito imortal.