UM TRAFICANTE ASSUMIDO
Vou vivendo e vou escrevendo.
Gerundiando ilusões, percebo tempos.
Verbos soltos à sua própria sorte.
Pontos que exclamam...interrogam...
Torturam gramáticas complicadas.
Latinescas, aramáicas...reticentes.
Vírgulas que reduzem velocidades
e evitam acidentes de línguas desembestadas.
Apostos, meio prolíxos, que entravam
ou ocultam sujeitos em supremos tribunais.
Federais ou não.
Orações insubordinadas a esse tempo
moderno, cheio de regras e que
ninguém cumpre.
Deixa a tecla satisfazer tua solidão,
asterísco e pára de reclamar do cifrão,
que vive anos com o percentual,
numa relação de explicações sem fim.
E as figuras exóticas dessa linguagem,
em aliterações contundentes,
fazem de mim
um usuário confesso e um traficante
assumido de sentidos.