ESTRADA VELHA DE CHÃO
ESTRADA VELHA DE CHÃO
Numa estrada velha e longa,
Cada légua foi mera parcela,
Mas eu fui com minha capanga,
E um odre com chá de macela.
Cada passo eu fiz com a bota,
E a sandália deixei lá em casa,
Mas virei só um tolo cambota,
Ao lembrar que não tenho asa.
As estradas de chão têm marcas,
Que as trilhas com vento mudam,
Mas as calhas a chuva encharca,
Com as águas que logo abundam.
É um lameiro de beira de mata,
E a nuvem que o raio estronda,
Pois se fosse com a Mãe Beata,
Em Cachoeira haveria maionga.
Mas também andei nos sertões,
Onde chove um solão todo dia,
Em caminho de areia e rincões,
Onde um carro é a ave esguia.
Vi um sofrê e também carcará,
Mas o cancão lá voava de boa,
Como se fosse um lobo-guará,
A festejar cada lua e lagoa.
O proveito foi ver renascer,
O sentido da vida de outrora,
De um passado capaz de dizer,
Se já fui só o galo da aurora.