MEU CORPO EXPOSTO

MEU CORPO EXPOSTO

 

Somos sempre um alvo exposto,

Mas não queremos que nos matem,

Enquanto atiram em nosso rosto,

No desacerto do olho que abatem.

 

Só olham com a praga solta na língua,

A desejar que todos sofram também,

Mas quem já sofre só vive à míngua,

Pois desejou o que não se convém.

 

Somos alvos dos tiros diários,

Dessas armas forjadas no ódio,

Quando a vida já é um calvário,

Como o fardo de não ver o pódio.

 

Todos nós só queremos vencer,

Desde quando nós somos jovens,

Mas os dias vão nos convencer,

Que a idade é que nos promove.

 

Não sei quando iremos acordar,

E gritar que não temos mais hora,

Para o gozo de poder amar,

Se odiar só destrói e penhora.

 

Picharam o meu corpo com bala,

E a costura ainda incomoda,

Como a dor é contínua e não cala,

Até quando me fecham a porta.

🎗️