Aurora
Se passou tanto tempo
Que nem o sinto mais
Vieram e se foram tantos arco-íris
Que os sonhos ficaram pra trás
O coração em melindre
Não o ouve mais
Nos falcetes das palavras
Páginas e páginas foram aos ares
Da crença incrédula que havia
Sobrou gélida a euforia
E do muito pouco se fez
Fazendo surgir em mim a palidez
De quem em mergulho profundo
Sucumbiu sem avidez
E escorreu na garganta
Toda sua acidez
Veneno que tomou
Minhas veias outra vez
E como um moribundo
Na profundez do respirar
O último fôlego fui buscar
Tentativa insana
De o amor encontrar
Ânsia eterna
De quem vive pela espera
Amargando a solidão
Em meio a multidão
Existindo sem existir
Insistindo em sorrir
Por mais medíocre
Da espera
Mesmo em prantos
No cansaço
Acha o manto
Adormece
Sonha
E noutra aurora
Sua vida revigora
E entre cada aurora
Chora
Adormece
Sonha
Desperta
Entristece
E a alma se enternece