O SOFRER EM MEUS VERSOS
O SOFRER EM MEUS VERSOS
Meus dias reservam surpresas,
Pois tudo na vida é inédito,
Se ontem eu gastei as riquezas,
De quem já nem teve o crédito.
Serei mais um caso improvável,
Porque nunca vivi de aventura,
Mas quero um banquete louvável,
De quem suportar minha loucura.
Nesse estágio da vida que levo,
Me conforta que alguém dê ouvido,
Porque falo para todo meu clero,
Desde o meu martírio envolvido.
É certeza que todos sofremos,
Pois difícil é se ter alegria,
Até quando nós ainda nascemos,
Pelas dores de um parto sem dia.
Só que agora se nasce com agenda,
Escolhendo até mesmo os gêneros,
Numa eugenia que teima ser prenda,
E disfarçam nos querendo morenos.
Mas eu sei que me imputam pecados,
Desde o dia que herdei minha África,
Ou seriam originários predicados,
Que vi nos impressos da gráfica.
Mas não queiram ler alfarrábios,
E pra isso eu proponho meus versos,
Onde exclamo as dores dos raios,
Desde quando vi Zeus e Hefestos.