NOSSA VIAGEM COBRA ESCOLHAS
NOSSA VIAGEM COBRA ESCOLHAS
Sem afrontas ao Deus eterno,
No tempo moderno a vida perdura,
Porque foi assim com o aderno,
Que virou caderno de capa dura.
Mas também o fumo se transforma,
Talvez plantado pelas escolhas,
Ou enrolado nas coxas de Angola,
Para bolar um charuto das folhas.
Tudo que se acha nem sempre serve,
Nesse dilema de veneno e remédio,
Se o que queima é gelo ou ferve,
E faz o poema romper o meu tédio.
Às vezes declamo num tom varonil,
Mas logo reclamo da sede tardã,
Pois tudo que mata é como fuzil,
Sendo a noite sem nova manhã.
Por isso o segredo é ir pelo meio,
E harmonizando a vontade ou afã,
Com visto de entrada ou o romaneio,
Mostrando que o éden não é só maçã.
O éden é praça, mas é o consolo,
De quem já cumpriu a sua jornada,
Porque é de graça e festa de bolo,
Ao dar alegria e o pão da fornada.
A vida é isso, como resumo do ato,
A vida é mistério ou linha na mão,
E ao crescermos é fim de contrato,
Vindo o distrato e até um sermão.
A nossa viagem tem vários destinos,
No delta da vida de livre arbítrio,
Mas cobra escolhas desde menino,
Pois não se ganha nada no grito.