O OLHAR DE UM PALHAÇO

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Eu estava em um circo

Assistindo ao espetáculo

O palhaço dava piruetas

Ali na arena fazia

Trejeitos acrobacias

Malabarismos e saltos

Nada podia ser mais alegria

As amarguras no bolso eu escondia

Até que num movimento qualquer

Ele pisou errado o errou o pé

Tropeçou errou o passo

Num relance eu vi

E então estarreci

A revelação agora faço

Bem no canto, escondido ali

Eu vi, eu vi , eu vi, eu vi...

A tristeza no olhar do palhaço

Quem sabe se eu não saiba

Dessa coisa a missa a metade

A cortina é a perfeita divisão

Entre duas realidades ?

Nas entrelinhas nos entreveros

Está a corda bamba do fim

Há um mundo inteiro

Entre a ribalta e o camarim

Talvez em cena a irreverência seja o decoro

Talvez o riso seja o outro lado do choro.

E o calor dos refletores é o pano que vai secar

Lágrimas que só podem existir do lado de lá.

Os conceitos se invertem os extremos se beijam

Mas confesso que foi assim

Num momento de grande alegria

Nada mais triste eu vi

Podre coitado tentou o seu olhar disfarçar

Para não quebrar a ilusão

Para a máscara sustentar

E dando outra pirueta

Risadas arrancou

E no palco das ilusões

O espetáculo continuou.

Talvez eu tenha me enganado

Talvez eu observe demais

Mas aquele brilho diferente

Por momentos tirou-me a paz

A realidade jogou-me ao chão

Nada mais perturbador

Nada mais contradição

São os dois lados da moeda

Nessa vida, de tão tortos traços,

A realidade veio no errar do passo

Nunca vou me esquecer

Havia tristeza no olhar do palhaço.