VIVER DE BUSCAR OU UIVAR

VIVER DE BUSCAR OU UIVAR

 

O sofrer de quem está num embate,

Mesmo que seja de viés masoquista,

Demonstra um sádico que se debate,

No casulo que pode ter um artista.

 

Nós vemos pintores e músicos,

E alguns são cegos ou surdos,

Mas demonstram algo de lúcido,

Tudo enquanto há egos e mudos.

 

Nas cidades-estado de outrora,

Existiam até elfos e oráculos,

Pois os templos detinham a hora,

Da história moldada aos fatos.

 

Cada praça conflitava os campos,

Que se cercavam de sonho e flor,

E o destino aguardava os santos,

Pois com eles há dias sem dor.

 

Eram tabas ou celas de castros,

Pois seriam em África ou Europa,

Tendo argila que deixa o rastro,

Ou marcas de uma louca carroça.

 

Sempre vamos viver de buscar,

Desde quando acordamos o fogo,

Pois o mundo é casa e o altar,

Até quando nós somos o lobo.

 

E uivar sobre todos os montes,

Dizendo da minha paixão pela lua,

Refaz meus caminhos de ontem,

Ou gesta meus passos nas ruas.