A lua em delírios
Da lua desnuda, que alumia almas chorosas e dispersa sentimentos fugazes, me chegam lembranças de outrora.
De saudade quase doce, não fosse a ferida.
De gente quase ausente, se não pela companhia de gente quase presente.
Dos minutos que se foram e com eles o que nunca foi meu.
Das lágrimas, ainda quentes, que correram no rosto um tanto enrugado, misturado com o sal do oceano que há em mim.
Essa lua descarnada, que me escancara a criança que o tempo separara do adulto que não sou... Do menino que em mim restou.
De quando brincar com um vira-latas no quintal, era coisa tão natural, que me assemelhava a ele.
Ah lua... Essa lua prateada, quase redonda, quase quadrada.
Acho que pretende devolver o pedaço que roubou de mim e que me deixou assim, tão inteiro.
Hoje te olho no céu e busco tirar-te o véu para ver o que resta em mim.
Sandro R C Costa.