SOU ANCESTRALIDADE DO QUE RECLAMO

SOU ANCESTRALIDADE DO QUE RECLAMO

 

Cada galho demonstra o que quer,

Seja em folhas, flores ou frutos,

Como um homem só quer uma mulher,

Que garanta o seu lado augusto.

 

Um país não é um canto qualquer,

Mas um lar ou a pátria do justo,

Que reúne cultura, etnia ou fé,

Como um solo ou colo de útero.

 

Cada dia que a terra nos tem,

Traz temores do que ela sofre,

Pois a temos só pelo vintém,

E não creio que ela suporte.

 

Se são eras que gestam o futuro,

Com as coisas no tempo do ninho,

Porque temos a ânsia do espúrio,

E queremos um deserto de espinho.

 

Tudo que encontramos na seca,

Vêem junto como os cactáceos,

Diferindo do mar que peleja,

Mas sobeja com todos cetáceos.

 

Assim, eu só reclamo de mim mesmo,

Já que dizem ser eu só o espelho,

Do que brigo sem dar um refresco,

Apontando meu dedo em conselho.

 

Mas, é certo que estamos errando,

Senão o mundo seria de encantos,

Sem doenças e a fome acabando,

Pois o colo da terra é acalanto.

 

E se ainda vier um dilúvio,

Verás pombos e as gaivotas,

A guiar para um solo seguro,

Onde focas escapam das orcas.

 

Desse jeito há sempre o contrário,

Pois eu sei que a paz vê a guerra,

Mas um velho quer um corolário,

Que se preste ao eterno na Terra.

 

Posto isso, sou ancestralidade,

Como forma imortal se estou vivo,

Com meu corpo que guarda a idade,

De quem viveu bem antes do livro.