Roupagem Nova

 

A muito não coloco uma roupagem nova,

Nem ponho tinta vermelha na minha trova

Nenhum colorido a avivar as notas do piano

Nenhum gesto a pensar em um astuto plano.

 

No passado repousei o corpo a beira do rio

Enquanto repousava o pensamento fluio

E de pés descalços com a boca pintada,

Com saia de chita e tranças nos cabelos

Dancei para a lua, acordei o sol com um beijo.

 

A tarde a tatuagem salta da pele, fala, retrata.

Linhas largas, longas linhas na pele conta.

Se faz representar pelo passar dos anos.

As silenciosas rugas a marcar os campos.